quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Pedradas em árvores

Deus nos chamou para dar frutos. Nenhum cristão pode afirmar que não tem uma missão nesta terra, muito menos abrir a boca para dizer que não foi dotado pelo Espírito Santo de nenhum talento. Até aqui temos três passagens bíblicas que nos auxilia a lançar por terra qualquer argumento contrário a essa verdade. A primeira delas está em Mt. 28-20. Veja que a ordem de Cristo foi para todo o seu povo. O apóstolo Tiago em sua epístola, no capitulo quatro, verso dezessete, diz que aquele que sabe fazer o bem e não faz comete pecado. Temos que anunciar a Cristo, a final ele se manifestou para destruir as obras do diabo (IJo. 3-8) e muitos são os que padecem presos em suas cadeias. É nosso dever proclamar liberdade a esses cativos (Is 61).

Em segundo lugar, é importante que nos conscientizemos que somos luz e sal nesta terra (Mt 5-13; 14) e ao contrário do que muitos pensam, o silêncio também evangeliza. O que não se pode dizer pode-se testemunhar, tanto sim que a esposa santa pode conquistar dessa forma o seu esposo para o Senhor, porém nesse ponto, não se preocupe em demonstrar que tem virtudes, pois ela transparecerão por si só. Tive o privilégio de conhecer e conviver com uma grande serva de Deus que me ensinou que virtude não se anuncia a posse mostra-se, contudo não de maneira farisaica, mas natural. O virtuoso nem percebe que está evidenciando suas boas qualidades.

Seguindo adiante, vemos que em Mt. 25-14;30, um certo senhor distribuiu talentos entre seus servos e, após partir para longe, retornou muito tempo depois e cada um dos servos teve que prestar contas daquilo que lhes foi confiado. Note que TODOS os servos receberam um talento para granjear. Todos, sem exceção. Não é diferente conosco. Se você ainda não sabe qual o seu chamado na Seara do Senhor, ore! A revelação virá e a partir daí comece a frutificar. Não queira ter o mesmo fim do servo inútil (Mt 25-30).

Após aprendermos essas importantes lições, vamos a outra: há pessoas na igreja vazias do Espírito, mas cheias de pedras nas mãos, tal a multidão que intentou castigar a mulher adúltera. Remédio contra esses não há melhor senão a prática da oração, do jejum e do meditar na Palavra de Deus, fecunda fonte de sabedoria que nos exorta a alcançar a estatura do Varão Perfeito, Jesus, que nesta passagem em específico confronta os acusadores da dita mulher, a princípio, em silêncio, mas depois dispersa a multidão de forma magistral dizendo: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”.

Se alguém agora me perguntasse porque existem crentes assim, minha resposta seria uma expressão de lamento, mas Deus, em sua infinita sabedoria, usa quem quer, quando quer e da forma que quiser e por esse fato é que posso afirmar que tais pessoas são como lixas: ficam velhas e gastas ao longo do tempo ao passo o objeto polido ganha brilho e beleza.

Todo aquele que dá frutos no Senhor não tem como escapar do ataque das figueiras estéreis, porém regozijemo-nos, pois grande é o nosso galardão no céu. Há irmãos que desse modo se comportam por inveja, porfia ou pura e simplesmente porque não foram eles os donos das ideias e/ou os centros das atenções, ora, mas não há como colher de onde não se semeia muito menos colher flores de onde foram plantados espinhos. O sermão que me inspirou a desenvolver este estudo ouvi em um culto numa pequena igreja batista próxima de onde moro. Em um dado momento da palavra, o anjo daquela congregação perguntou à audiência se algum dos presentes já havia contemplado alguém a lançar pedras nas árvores que rodeiam o Dique do Tororó, ao que respondemos que não. Ele então sabiamente concluiu: “É claro, são árvores que não dão frutos”!


Se você está servindo na Casa de Deus e tem recebidos pedradas, sei que dói, mas não desanime! Árvores que frutificam no Senhor são limpas a fim de que deem mais frutos; as outras de nada servem senão para serem lançadas no fogo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Está Faltando Administração


Engraçado como tem tanta gente por aí abrindo a boca para dizer que Administração não serve para porcaria nenhuma. Ó pobres indoutos! A ignorância realmente atravanca o progresso e também é claro faz muita gente perder oportunidades, inclusive, a de ficar calado.

A administração enquanto profissão, no Brasil é muito jovem. Tem apenas quarenta e oito anos – um bebê se comparado à profissões tal  e qual a advocacia e a engenharia, contudo seus princípios e teorias já vinham sendo aplicadas em nosso país e para embasar essa afirmação, posso citar dois momentos históricos: o governo Vargas com a criação do DASP- Departamento de Administração do Serviço Público em 1938. Posteriormente, este departamento recebeu autorização para constituir outra instituição. A FGV – Fundação Getúlio Vargas, que tinha como atribuições fundamentais o estudo das organizações, da racionalização do trabalho e a preparação de quadros profissionais em nível superior. O outro momento ocorre já no governo de Juscelino Kubitschek, evidenciado pelo projeto de desenvolvimento associado e caracterizado pelo tipo de abertura econômica de caráter internacionalista.

Os americanos têm seus defeitos, todavia foram eles os primeiros a valorizar a profissão de administrador. Em 1881 a Wharton School foi criada e em enquanto por aqui, em 1952, se iniciava o ensino na Administração no Brasil, os EUA já formavam em torno de cinquenta mil bacharéis, quatro mil mestres e cem doutores em Administração e esses intelectuais foram aproveitados não só na iniciativa, mas também na Administração Pública.

Falando em Administração Pública, quem mora em Salvador, sabe o quanto a cidade vem sofrendo com os constantes engarrafamentos e aí vai a pergunta: quem são e onde estão os administradores de nossa cidade? Não me refiro só ao chefe do Executivo municipal, afinal ele não governa sozinho. Dentre o que se espera de um bom administrador está a necessidade de o mesmo estar atento ao que acontece a sua volta e pelo que me parece, isso não vem acontecendo. Fala-se muito em preparação para o futuro, mas sob que aspecto? Econômico? Social? Digital? Esses e outros campos dão muito pano para a manga, porém a verdade é que está faltando administração. Está faltando quem trace um cenário prospectivo principalmente ao que diz respeito a nossa engenharia de tráfego. Se falo acerca do que não entendo, perdoem-me os experts, mas o que vejo como acadêmica em Administração é pura falta de gestão. IPI reduzido e outras facilidades vêm proporcionando aos soteropolitanos a oportunidade de adquirir um automóvel e enquanto isso alguém não se deu conta ou “esqueceu” que tinha que ter rua para caber esses carros todos e aí... Bem, como dizem que brasileiro só fecha a porta depois de ser roubado... Sabe Deus por quanto tempo mais iremos padecer desse mal. Obras com o fito de melhorar nossos acessos viários estão em andamento, contudo, poxa! Custava terem pensado nisso antes? Agora o que vemos são ruas ainda mais congestionadas em horário de pico devido ás obras. É momento de refletirmos acerca de determinadas posturas. Uma delas é de que ninguém pode viver isoladamente. Acredito que há uma relação de interdependência entre as profissões/atribuições tal e qual é com os órgãos do corpo humano.

Infelizmente não me sinto habilitada o suficiente a fim de apresentar uma solução, mas creio que a prática de ações preventivas nos livra de infortúnios como esse. Administradores tem ciência disso.

Referências Bibliográficas



domingo, 15 de setembro de 2013

Aniversário Feliz

Ufa, mais uma primavera! Parece que foi ontem que eu tinha 15 anos, mas não importa, eu nasci, estou viva e melhor, Cristo vive em mim!

Conheci uma pessoa que gostava muito de dizer que ainda não tinha tudo que queria, mas que queria tudo que tinha. Eu concordo com ela. Ainda não tenho tudo que quero, porém sei que o meu Deus há de suprir todas as minhas necessidades em glória e glória, pois a Ele porque Dele por Ele e para Ele são todas as coisas.

Minha palavra hoje só é de gratidão. São quatro décadas de erros, acertos, sofrimentos, alegrias, lágrimas, sorrisos... Perdi algumas amizades (talvez nunca tenha as tido), ganhei outras, enfim... Vivi. O bom foi que eu fui adquirindo sabedoria pelo caminho. Caí e me levantei algumas vezes para tristeza daqueles que acharam que eu não seria capaz de me reerguer. 

Esteticamente, não estou preocupada com nada. Sei que hoje encerrei um ciclo e iniciei outro. Quinze de setembro de dois mil e treze. Para Ju Passinho - ano zero. Uma nova história Deus tem para mim. Sempre teve. Minhas eiras se encherão, meus lagares transbordarão.

Agradeço ao Senhor Todo-Poderoso por tudo e para você, meu leitor, também dirijo um agradecimento todo especial, por fazer parte do meu viver, por partilhar do seu tempo comigo. Congratulações a todos nós!

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Paixão de Alice

Hora do rush. Pontos de ônibus lotados e milhares de luzes vermelhas nas ruas é o cenário daquela parte do dia de segunda a sexta.

Alice sai do trabalho como sempre tendo hora pra chegar, contudo seus passos são de quem não tem compromisso. A maturidade trouxe-lhe tantos ensinamentos a ponto de o deslizar do relógio não incomoda-la tanto. Seu rosto sereno e bem moldado expressa a calma de sempre, assim como seu elegante trajar denota uma nobreza que só os de sangue azul latino tal e qual o dela sabem que lhe é inato. Em seu caminho, ainda aqueles que teimam atribuir suas conquistas ao sobrenatural bem como a formulas mágicas e sua reação diante destes é sempre menear a cabeça e lamentar não haver mais homens como Henry Ford ou outros que, como afirmaria Paul Hanna, não permitiriam que suas vidas se estacionassem na confortável posição do piloto automático.

O coletivo verde e branco dobra a esquina e para possibilitando o desembarque de meia dúzia de pessoas entre elas, nossa heroína. Ela se apressa com o fito de aproveitar o sinal ainda vermelho e um breve sorriso de triunfo ilumina seu rosto ao chegar do outro lado.

Vencida a barreira dos panfletistas, Alice adentra o prédio de fachada envidraçada e faz cara feia ao perceber o tamanho da fila do elevador. Durante um curto espaço de tempo se vê dividida em esperar ou amargar diversos lances de escada até o quinto andar. Sua indecisão termina com a chegada de um colega que a encoraja a enveredar pela opção dois.

Já em sala de aula, o coração de Alice congela quando o primeiro educador da noite adentra o recinto, pois junto com ele vem seu afeto. Afeto porque a mulher não se atrevia a denomina-lo de amado nem tampouco negar a existência de sentimentos por sua pessoa. Como era de se esperar, os dois evitam se olhar apesar de este ter escolhido um assento próximo ao dela. Tinham um amigo em comum. Formavam uma espécie de trio de sucesso, sempre juntos e paradoxalmente separados. Se inquirida fosse a esse respeito, a universitária de um quarto de século não saberia explicar ao certo o que se sucedeu para tal fim. Só podia exprimir aquilo que como uma boa curiosa acerca do comportamento humano era capaz: inferências – faca de dois gumes; dualidade que pode culminar em algo genial ou em ruína, a depender do contexto. Alice e seu afeto, infelizmente, deram fim ao que nem sequer havia tido um começo; infortúnio do qual certa porção de sabedoria foi tirada, entretanto a moça ainda via-se às voltas com algumas indagações no futuro do pretérito e se fosse forçada a expressar em uma única palavra seu emaranhado sentimental, o vocábulo que mais se encaixaria seria compaixão. Alice considerava seu afeto um tanto “travado”. Era maduro em idade, mas em algum lugar do passado seu eu estagnou-se. Tentara ajuda-lo, porém fracassou. Não se pode amparar a quem não lhe estende o braço de volta quando oferecido. De mentiras, omissões e contradições nada se pode aproveitar. O mesmo, guardando as proporções, pode se dizer do silêncio, uma vez que desse ventre pode nascer a dúvida e nesse ponto Alice ainda não evoluira, mas se sentia apta ao exercício da piedade. Apiedava-se de vislumbrar tão boa essência encoberta por tão grossa casca de sujeira. Para ela, tal coisa era mais maligna que um câncer.

Antes da emancipação da mulher, boa coisa era nascer homem, por conseguinte o preço a se pagar é alto. Meninos são ensinados a apegar-se a figuras de coisas inanimadas ao passo que as meninas aprendem desde cedo a amar e a cuidar, primeiro de suas bonecas e bichos de pelúcia, depois daqueles a quem pode chamar de seus. Há quem considere tal sina masculina como sorte, porém uma análise mais profunda é capaz de afastar tal conclusão. Para Alice, não só a competência tem conceito cumulativo. Vida a dois, também. Alma gêmea é uma expressão muito bem vinda em poemas, contudo de significado superficialmente compreendido tal como superficial é o coração do seu afeto porque seu profundo se encontra ocupado com coisas que não deveriam estar lá, mas tal realidade não se enxerga a olhos naturais. É uma das coisas que só a compaixão pode realizar. E dessa forma nossa heroína segue em altruísmo.


Acidentalmente, seus olhares se cruzarem. Ele responde em remorso ao ato que considera acusador. Ela, em lamento.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Amor de menino

Bastou um olhar para que eu a desejasse,
Como o adicto anseia por seu narcótico.
Eu, que sou menino e ela, tão mulher...
A princípio tão pequenina, tão frágil, tão precisada.
Agora, tão senhora, tão dona de mim.

Como não entregar-se a tal amante?
Sou menino, enquanto ela é mulher;
Recebeu-me entre seus lençóis;
Ao amor, apresentou-me em novidade;

Agora, habito eu em seus domínios,
Sou vassalo, devedor da corvéia, das banalidades;
Sujeito do fisco, cativo, embevecido;
Menino, enquanto ela é mulher.

sábado, 22 de junho de 2013

Fragmentos

Ferida, a alma se enclausura e para a realidade dá as costas.
Em seu exílio, a verdade se torna em sombras.
Gritos explodem em seu interior;
Seus pensamentos – o hades;
Seu coração, desceu ao sheol.

O curador é o cronos: homeopático, paciente,
Ardente como o líquido carmesim por sobre as chagas;
Enfermidade abstrata, cruel, implacável.
Onde está a esperança?! Onde estão os sonhos?!
São dois que a nenhum se pode reter:
Um partiu em séquito adeus; o outro, foi-se com a desilusão. 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Prisões

Aterroriza-me a solidão em espantos noturnos;
Esbarro nas amarras que ataviam meus calcanhares – prisões.
Os punhos presos em lembranças tuas,
Doçura que amarga, delicioso fel, cujo mel encobre a verdade.

Em superfície gélida, úmida, vi passar o amor,
E cortou-me a carne o azorrague de seu olhar;
Entupiu-me as veias a tua meiguice; tua presença – espectros.

Em palavras suei, estremeci, desfaleci;
O que sou?! Ó pobre, pobre mulher! Prisioneira,
Cativante e cativa, ladina feiticeira,
De sonhos confusos, intrusos, submersos.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Páginas de diário

 Meu Diário, como é que vai você? Tudo bem? Desculpa pela ausência, mas tava uma loucura a escola, aqui em casa, tudo! Até pensei em me desabafar com você ontem a noite, mas não deu, eu tava tendo um dia daqueles, sabe? Eu só ia te manchar todo com as minhas lágrimas. Sei que não seria nenhuma surpresa pra você se isso acontecesse, afinal já fiz isso tantas outras vezes... Mas ontem tava demais sabe? Parecia que tinha uma “torneirinha” aberta aqui dentro de mim que foi difícil conseguir fechar, ufa! Mas hoje tô melhor, eu acho...

Da minha galera, tá todo mundo bem, a Babi tá cada dia mais fashion e agora resolveu ficar loira! Eu achava muito mais legal o seu cabelo cor de fogo e aquele namorado dela, o roqueiro (que você sabe, não cito o nome porque ainda não consigo gostar dele), também achava, aliás ontem foi a primeira vez que eu e ele concordamos em alguma coisa em relação à Babi. Ela continua tentando fazer a gente ficar amigo, mas... Vou levando porque você sabe, ela é uma irmãzona pra mim e se ela gosta dele, bem... Deixa lá. Pelo menos ele trata ela bem melhor do aquele Zé ruela de antes.

Minha mãe, tá aqui, cada dia mais estressada e, como sempre, descontando no meu padrasto. Outro dia, eles tiveram uma briga tão feia que achei que a coisa fosse até dar em divórcio, ai credo! Deus me livre de ver a minha mãe divorciada de novo! A Babi costuma falar que ex-namorado é um saco, mas ex-marido consegue ser mais, até mesmo pra mim, que nem casei ainda, mas o ex-marido da minha mãe é o meu pai... Ninguém merece... Mas vamos deixar meu pai para lá. Não foi por causa dele que eu vim te procurar. Tô aqui por causa dele... Daquele que prefiro morrer a dizer o nome novamente. A Babi vira e mexe me diz pra eu ter paciência, que eu vou esquece-lo assim como eu esqueci os outros, essas coisas. O problema é que eu ainda me lembro dos momentos que tivemos juntos e das coisas que ele me fez sentir e depois essas lembranças dão lugar à dura recordação do dia em que ele me disse que nós dois não dávamos mais. Eu invejo a forma com a qual ele consegue fingir que não aconteceu nada. Tô pensando em contar pra Tia Júlia sobre a gente e tenho certeza que ela vai ter alguma coisa super alto astral pra me dizer. Que minha mãe não nos ouça, melhor, não nos leia, mas eu queria que a Tia Júlia fosse a minha mãe. Ela é tão dez! Ela nunca se casou nem teve filhos, mas desde que eu me entendo por gente, nunca a vi reclamar de solidão. Mamãe fala mal dela às vezes, dizendo que ela troca de homem como quem troca de roupa e que apesar de estar com os dentes de fora o tempo todo, não é tão feliz quanto parece. Eu não acho, porém tenho que ouvir calada porque da última vez que me ousei a discordar ela me deu uma bofetada e quase que o Mauro leva uma também por me defender. A Tia Júlia é mais velha e tem menos dinheiro que a mamãe, mas vive melhor a vida. E me entende melhor também. Quando digo a Tia Júlia que estou namorando ela fica feliz e orgulhosa de mim porque estou tendo experiências. Já a mamãe acha que falar nome de meninos engravida. Aff! Fico imaginando como seria se ela soubesse que me meti com um homem mais velho. Oh, Deus! Provavelmente ela ia querer que ele fosse preso por pedofilia ou então querer que o Mauro desse uma surra nele, rsss!! Ai, só assim pra eu rir, pois tem dias que nem o de ontem que parece que eu fiquei com a pior parte. Levanto de manhã já com a sensação de que meu dia vai ser um saco porque ele não está mais comigo. Às vezes fico pensando o que foi que eu fiz de errado ou se o erro sou eu ter dezoito anos e ele, não tenho certeza, pois acho que ele mentia a idade. Ele me chamava de meu anjinho e ria de meu jeito de ser, mas eu não ligava. Sei que ele me achava meio criança, mas a gente se completava, eu acho. Eu também achava umas coisas que ele fazia meio assim, sabe, coisas de “tio”, porém era até charmoso. Opa! Tenho que ir! Minha mãe tá batendo, quer saber o que tô fazendo. Ela nem sonha que você existe, ainda bem, rss!! Eu morreria se ela soubesse o que escrevo aqui. A gente se fala mais tarde. Bjo!


terça-feira, 4 de junho de 2013

A Vizinha da Rua Detrás

Todo mundo ficou olhando a vizinha da Rua Detrás a se locomover ladeira abaixo com aquele enorme saco de lixo nas costas. Ninguém estava entendendo nada, muito menos meus amigos e eu, que interrompemos nossa pelada no instante em que ela cruzou o nosso campinho. Os comentários foram de todos os tipos, inclusive a surpresa de ver uma mulher carregando tamanho peso, porém eu confesso que a princípio meu primeiro pensamento foi imaginar se no meio daquilo tudo tivesse algo que a gente pudesse trocar por algodão doce, o que, aliás, não pude deixar de compartilhar com a turma e, após uma rápida deliberação, resolvemos segui-la discretamente e aguardar ela lançar o volume lá no “cestão”, apelido dado ao recipiente que armazenava todo o descarte das caixas menores antes de o carro de lixo fazer a coleta.

No caminho, alguns rapazes foram se oferecendo para ajudar, porém ela recusou auxílio. Não dava para escutar direito qual era sua desculpa diante de cada recusa, entretanto nos pareceu que alegava ser o conteúdo do saco algo parecido com lixo tóxico. Ao ouvirmos isso, meus amigos e eu até pensamos em desistir, mas quando imaginávamos o algodão doce derretendo em nossas bocas ao passo que pintava as nossas línguas de rosa, nos fazia recuperar a coragem e seguir em frente. Mais adiante, contudo nos vimos diante de um novo impasse, pois para nossa surpresa, a vizinha, não entrou na rua que fazia esquina com a banca do Seu Geninho. Quase a perdemos de vista devido ao tempo que levamos parados tentando adivinhar qual seria então o seu destino.

Algum tempo e muitos passos depois, finalmente chegamos ao local do descarte. Camuflamos-nos por detrás das ruínas do local onde um dia funcionara uma locadora de veículos, demolida com o fito de abrir espaço para a nova avenida. A vizinha então acocorou-se e passou a esvaziar o saco, porém não do modo como geralmente se trata coisas de que não se deseja mais. Ela ia tirando cada idem bem devagarzinho de dentro da embalagem e depois os arrumou como se pusesse a mesa para um banquete. Eu e meus amigos nos entreolhamos confusos e daí sugeri que fôssemos embora, uma vez que eu já deixara de vislumbrar qualquer chance de lucro naquela empreitada, todavia o Ubaldo, de nós três o mais velho, ordenou que nos calássemos e eu, que nunca fui muito de acatar ordens, senão de meus pais, quis pestanejar, entretanto o grito emitido por Naldinho, nosso caçula nos forçou a centrarmos novamente a devida atenção ao que se sucedia e foi aí que, para espanto geral, percebemos que a vizinha se preparava para tocar fogo em tudo. Sem saber o que dizer, levei ambas as mãos à cabeça em sinal de desespero e o Ubaldo fez o mesmo, exclamando : “Oh meu Deus!” Naldinho, que além de pequeno era deveras afoito partiu como um raio para junto da mulher e começou a suplicar-lhe para não fazer aquilo. Juntamos-nos a ele, contudo não aderimos a súplica. Passado esse instante, ela fez com que nos déssemos as mãos e nos explicou que tudo aquilo que víamos, apenas com nossos olhos naturais, eram fardos os quais ela decidira não mais carregar: dores, desilusões, promessas quebradas, falsas promessas, amores perdidos, paixões não correspondidas, traumas.

Ao final da narrativa, Naldinho, tomado de intensa compaixão, não se opôs mais ao seu intento e a mulher, estranhamente contente com aquilo, lançou mão mais uma vez do pavio que improvisara com uma folha de papel torcido e foi acendendo as labaredas. Ficamos ali durante não sei quanto tempo assistindo o fogo a tudo consumir e depois a acompanhamos até a porta de casa.

Na manhã seguinte, mal tinha o sol despontado no céu, quando acordei com minha mãe me sacudindo e me avisando que os meninos estavam a minha espera. Disparei em direção à sala ignorando completamente o seu aviso para que eu assim não o fizesse descalço e Naldinho, ao me ver, me abraçou em prantos escondendo seu rosto rechonchudo em minha barriga. Senti um grande nó se formar em minha garganta e fitei Ubaldo. Ele balançou discretamente a cabeça em sinal positivo confirmando o que eu em silêncio lhe indaguei.

Chegamos à Rua Detrás respectivamente acompanhados de nossos pais e nosso semblante decaiu ainda mais ao depararmos com a caixa fúnebre no centro do cômodo abarrotado de gente. De uma forma mórbida, havíamos virado celebridade, pois afinal tínhamos sido os últimos a vê-la com vida. Nunca me esqueço de quão sereno estava seu rosto envolto naquelas flores.

Amarguei juntamente com meus amigos ainda por muitos dias a esdrúxula dor que nos sobreveio por conta de sua partida. Quando a saudade era demais íamos ás escondidas (por causa da mãe do Naldinho que, por ser um tanto supersticiosa, proibira-o de faze-lo) até o local onde ocorrera nossa aventura e ficávamos lá, olhando para o nada por algumas horas ou então juntávamos uns gravetos e fazíamos uma fogueirinha a fim de passar o tempo vendo as chamas crepitando. Era bonito de se olhar as labaredas mudando de cor e balançando ao sabor do vento.


Hoje, toda vez que me recordo dessa história, assim procedo com a consciência de que aquele episódio fora nosso primeiro contato com o mundo adulto. Passei por dores, desilusões, quebrei promessas, bem como simulei algumas; pranteei por amores perdidos, paixões não correspondidas e traumas, mas ao cabo de alguns anos, achei por bem fazer uma fogueira como aquela, porém a fiz em meu coração.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Amor platônico


Entre letras e suspiros sobrevive o poeta da praça, sem beleza ou formosura. Ele sai todo dia cedinho de casa com a benção da mãe já bem velhinha e a benção do pai no retrato, de quem só resta a saudade. No banco da praça se assenta e para as beatas a caminho da missa ele acena.

E ele vê passar a D. Ruth, o Seu Marcelo, a D. Emília. Lá adiante, Seu João abre a banca e assim se oficia a primeira parte de seu dia: o café fresquinho, acomodado na garrafinha de alça vermelha, que a D. Francisquinha Lhe faz de bom grado. A prosa flui a cada gole e depois riem do Seu Pedro, macambúzio por natureza. Ele passa emproado, o cabelo na goma. O poeta mesura em troça, João dá bom dia, mas o ancião aos dois ignora, pois possui filho e neto já doutores e “doutor” não se dá com “gentinha.”

Finda a pausa, volta o trabalhador a seu lugarzinho e ali compõe o primeiro rabisco do dia: “Melodia de viver” – ele o batiza. O moço enamorado muito lhe agradece, rasga-lhe seda, chama-lhe de artista. O poeta, em discordância, diz que a arte é da D. Clarice, do Seu Drummond, da D. Coralina. Ele só tem a “cabeça boa” - endossa lembrando o que ouvia na tenra idade. Em prol do sustento, a pobreza só lhe permitiu pouca instrução. O rapaz meneia a cabeça e contesta, mas o poeta não lhe dá ouvidos, pois assim como o amor cega ele também ensurdece. Ora, pois, ela era quem vinha Dorinha, moça do sorriso de marfim. O sol de azul alumia sua negra cabeleira e de noite, a lua, com inveja dela, não sai.

Ela passa de casaco bordado, óculos escuros, passos de rainha e, por piedade, lança um cumprimento ao mortal plebeu que o acolhe num sussurro. Ela então se afasta carregando consigo a graça de sua passagem e o poeta de tristeza agoniza em silêncio.

O freguês, que a tudo assiste e nada entende, lhe dá a paga e se vai. O poeta ali permanece e com profundo pesar suspira, ansiando pela chegada de do dia seguinte.

sábado, 25 de maio de 2013

O Taylorismo morreu?



Para quem não está familiarizado com o termo, Taylorismo é a nomenclatura pela qual se denomina o modelo administrativo idealizado por Frederick Taylor. Sua característica principal é a ênfase nas tarefas. Em 1911, Taylor publicou o livro “Princípios da Administração Científica”, que tinha como ideia principal a racionalização do trabalho. Além disso, Frederick criticou veementemente a administração por incentivo e iniciativa, que é o que ocorre quando um trabalhador sugere ao patrão ideias que possam dar lucro e assim provocando seu superior de modo a ser recompensado por isso. Taylor defendia a tese de que, uma vez recompensado por suas ideias ou atos, o subordinado torna-se dependente deles.

Particularmente, aprecio os argumentos de Taylor no que tange à eficiência do trabalho, que envolve fazer as tarefas de modo mais inteligente e com a máxima economia de esforço, porém ainda em minha opinião, a Administração Científica só não alcançou a plenitude por causa de sua visão mecanicista ao extremo, expressão esta, quem sabe exagerada por parte desta que vos escreve, contudo as críticas apresentadas a este modelo de administração, das quais posso citar, como exemplo, a visão do homem como máquina e a ignorância quanto às necessidades do trabalhador em um contexto social, acredito eu, falam por si só. Taylor acreditava que para se chegar à eficiência era preciso selecionar corretamente o operário, e adestra-lo. Agora aqui vai uma perguntinha: ainda há trabalhadores sendo “adestrados”? Imagino alguém aí do outro soltando uma sonora gargalhada ao passo que emite um sinal positivo com a cabeça e assim creio que já temos condições de oferecer resposta ao questionamento que intitula este relato: não, o Taylorismo não morreu.

Profissionais e estudantes da área talvez se dirigissem a mim neste instante com a afirmação de que não há nada novo em meu questionamento e que muito menos uma questão desta natureza carecia de vir à tona. O método Taylorista (Taylorista/Fordista para ser mais precisa) de produção ainda é adotado nos dias de hoje, em maior escala nas atividades industriais, entretanto o modus operandi dos restaurantes de fast food também tiveram suas origens no Taylorismo. O que não me agrada na sobrevida deste modelo administrativo é a parte “homo economicus” da coisa. Ainda tem muito gestor por aí ignorando as necessidades não monetárias de seus liderados e os considerando como máquinas. Não estou fazendo nenhum tipo de apologia a qualquer forma romântica de administrar ou muito menos vendendo a ideia de que líderes devem ser piegas até porque considero a pieguice pouco inteligente (isso sem falar em seu uso como instrumento de manipulação e alienação). Só acho o cúmulo que em pleno século XXI ainda haja gestores com um pensamento tão provinciano, o que nos remete a outro questionamento: o porquê de eles serem assim. A princípio, podemos conjecturar que é por ignorância, mal que vem nos prejudicando há séculos. Paulo Freire com certeza diria que a saída é a educação - dever do Estado, todavia este não pode se utilizar de seu poder de império com vistas a condicionar um mínimo de preparo acadêmico ao que aspira empreender. O conhecimento é multifacetário e, assim sendo, da mesma maneira de que a imaginação conjugada à intuição pode levar um indivíduo a uma empreitada de sucesso, me custa também a acreditar que esta última não faça “soar o alarme” a fim de chamar a atenção destes despreparados. A saúde de uma organização não se mede tão somente por suas demonstrações financeiras. Alta rotatividade de funcionários e absenteísmo idem são tão preocupantes quanto um saldo financeiro negativo.

Vez por outra os noticiários nos apresentam a rotina dos fiscais do trabalho por esse Brasil afora desbaratando fazendas e outros empreendimentos onde se empregava mão de obra escrava e quão bom seria se houvessem iniciativas, públicas ou não, com o fito de erradicar esse paradigma mecanicista. O mundo moderno agora possui uma visão holística e já foi constatado de que só conseguirá sobreviver à pós modernidade aquele que dominar o conhecimento e a comunicação (em especial a de nível básico), bem como a resiliência e a proatividade. No que tange à comunicação,quando esta ocorre de maneira inadequada, pode desestabilizar todo um ambiente, causando sérios prejuízos à organização.

Em outubro do ano passado, um artigo muito interessante baseado no filme “Tempos Modernos” de Chaplin foi publicado no site administradores.com, onde nos são apresentados protótipos contemporâneos da maximização da produtividade do trabalhador, em moldes considerados mais sutis pelo autor, como por exemplo, o uso do celular corporativo e da internet, que permite ao funcionário despachar, resolver problemas ou até mesmo preparar relatórios enquanto está em casa ou no clube. Neste mesmo site, há poucos dias, uma outra obra, tão inteligente quanto esta foi postada para nosso deleite. Nela, seu criador, o colunista Wagner Siqueira questiona o porquê de os clássicos da administração não serem mais estudados. Devo confessar que ficar ciente de tal absurdo me causou um espanto enorme e honestamente acho que privar os estudantes de Administração destes conhecimentos produz os mesmos efeitos de se formar profissionais de saúde ignorantes quanto à anatomia e fisiologia humana.

Diante do exposto, fica mais do que óbvia a veracidade da máxima de que na natureza nada se perde, tudo se transforma e não vejo porque não remete-la ao mundo corporativo.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Sertanejo


Com o rubro céu, chega a tardinha. Espanta a passarada, a primeira aragem da noite.

Junto com as malhadas, volta o sertanejo da lida. O chapéu de palha desfiada esconde o cabelo lisinho. O sorriso é desfalcado de alguns dentes e um tanto rouca sai a sua voz ao entoar a primeira moda: é hora do comércio fechar, hora de chamar a criançada para o banho, hora de o sino badalar em anúncio à missa; e ele não vê a hora de se aconchegar nos braços de sua Rosa. Ele sabe que a encontrará a sua espera, com a janta quentinha à mesa, perfumada e com o cabelo bonito para ele notar.

Rosa é dona de casa caprichosa. Levanta com as galinhas, põe a água do café e enquanto a chaleira não chia, ela faz seu asseio. Asseio feito, ela côa o pretinho e mistura a farinha. Cuscuz já cheirando ela acorda o marido, vai labutar com os meninos e assim se vai a manhã. De tarde é costura até a hora de aprontar a janta.

Depois de todo mundo recolhido é que a Rosa se deita, mas não antes de tecer seu rosário. O sertanejo, não muito crente, ouve quietinho as sussurradas preces de gratidão pelo pão daquele dia, pela saúde das crianças, pelo bebê novo da vizinha, pela força nos braços para trabalhar. Passado esse momento, o sertanejo se vira e a Rosa, que é do dia, dá lugar a Rosa que é só dele. Rosa de doce cheiro, bom cheiro, agora vestida apenas com seus cabelos. Ele a toma e a ama até quando o galo canta em anúncio à primeira vigília. O amor se encerra trazendo as estrelas para mais perto e o casal junto adormece.

Ao raiar do dia, beija o sertanejo em despedida a sua amada e parte para o trabalho acompanhado de sua viola. A cantiga agora chama-se felicidade – versos que ele mesmo rabiscou.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Lírica Poesia Bíblica


Eu sou do meu amado e ele é meu. Como noiva me ataviei e me perfumei, e em meu jardim me assentei a sua espera.

Quão formoso é o meu amado em sua armadura! Homem valente, destro na guerra, nascido do Espírito. Ele vem e me mostra sua face. Meu coração se exalta ao som da sua voz. Seus olhos são da cor do mel, seus lábios como o fio da escarlata e é doce o seu falar.

Ele versa minha formosura, pois preciosos são os meus amores.  Adornada estou com seu coração; somos fonte selada, fruto excelente, formosos e aprazíveis às vistas do Pai.

Ele me põe como selo sobre teu braço e as muitas águas não podem nos afogar.  O meu amado é meu e eu sou dele; é meu, o meu amado e eu, dele sou, e de Deus, somos nós...

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Alice à janela


Alice serviu-se de uma caneca de café e foi degusta-la á janela. O ocaso era seu momento preferido do dia, não só pelo amarelo-rubro de que se pintava o céu. Era a hora do rush, momento em que as principais vias da cidade se tornariam um imenso lençol de luzes vermelhas. Com um risinho no canto da boca, Alice ponderava ser ela a única pessoa a ver poesia naquilo, mas era o jeito Alice de ser: viver à margem do comportamento urbano. Para ela era prazeroso sentir o cheiro do mar ao cruzar a Avenida Contorno, mesmo com o coletivo lotado.

Terminada a bebida, a mulher depositou a caneca a seus pés e prosseguiu em apreciar a paisagem. Residia em um bairro classe média e àquela hora as cenas mais frequentes eram os pais de família retornando de mais um dia de labuta e a molecada, sempre aos bandos, voltando da padaria. Vislumbrar aquelas embalagens brancas provocava-lhe um sentimento nostálgico – fora criança no tempo em que os sacos de pão eram de papel. Também em sua época, professores eram mais respeitados, dava-se valor à virgindade e não se pensava em transformar sandices em lei. Essa conjectura, tal como outrora, de igual modo a fez recordar-se de que houve um tempo em que a filosofia de alguém se pautava muito mais nas coisas que dizia do que em seu comportamento. E o que dizer do falar?! “Ah, o falar!” – suspirou ela – Arte tão deficiente entre aqueles que formam os atuais grupos de referência. Como seriam tais pessoas aos olhos de Aristóteles, Demóstenes e Cícero, famosos oradores? Verbosidade, aliás, assim pensava Alice, seguindo a mesma linha de raciocínio, era a menor das preocupações da sociedade atual. Carecia-se mais de valores. Importantes pilares da sociedade vêm sendo removidos sob a desculpa de que faz necessária a quebra de paradigmas e os que percebem o embuste vem sendo perseguidos, tachados de retrógrados intolerantes, preconceituosos; jogados aos leões pela mídia.

Um dia, alguém disse que os laços estavam muito apertados e é verdade. É só fazer um pequeno tour pela História e lá constatar que gerações inteiras foram, por assim dizer, “castradas” por causa do advento de ideologias embasadas em distorções da verdade, convenientemente vendidas como modelos de moral e bons costumes. As motivações para tais práticas foram, sobretudo, políticas e algumas delas infelizmente perduram até hoje.

Alice sentia-se indefesa e impotente diante de tal quadro ao passo que pensava se realmente havia o que ser feito, pois o mesmo povo que clama por justiça, tem sede de sangue, o mesmo povo que exige honestidade por parte de seus parlamentares tem por “otário” o seu semelhante que se recusa a participar daquele “negociozinho”, que por mais insignificante que pareça ser, não perde seu cunho escuso.

Se Alice desafiada fosse a nomear tal fenômeno e porque não dizer enfermidade que tem empurrado a coletividade ao abismo, não precisaria inventar nenhum vocábulo novo. Tratava-se de hedonismo e nada mais.

Cansada de fazer inferências, a mulher de estatura mediana decidiu deixar a janela, porém deteve-se mais um pouco por conta de escutar alguém gritar o seu nome. Seu rosto irradiou-se ao ver que se tratava de sua vizinha da frente que, após as gentilezas de praxe, perguntou-lhe quais seus planos para aquela noite, entretanto tomar ciência dos mesmos causou-lhe espanto, pois não entendeu o que levou a outra a marcar um compromisso daquela natureza bem na hora da novela.

sábado, 4 de maio de 2013

Hoje

Hoje eu estou assim, hoje estou eu; amanhã, eu não sei, só Deus.
Hoje estou com vontade de mim, vontade de tudo, vontade de momento... só hoje.
Hoje eu te quero, amanhã não vai mudar; o hoje me quer assim,
Hoje eu estou cheia, meu coração idem, cheio do que minha boca fala, cheio do bem.
Hoje a saudade fala, amanhã saudade é passado; hoje feliz, amanhã mais ainda;
Hoje há esperança, amanhã - bonança. Hoje choro, amanhã celebro.
Hoje estou Juliana, amanhã - Juliana melhor.
Hoje estou Narciso, daqui a pouco, te amo; amanhã, amo você e me amo todos os dias.
Hoje o tempo corre, hoje preciso do tempo, hoje - tempo pra ti; hoje te carrego aqui;
Hoje - amanhã carregarei o seu fruto. Hoje nasci para ti, amanhã serás feito para mim.
Hoje te pertenço, amanhã serás meu, pra sempre seremos nós, dois mais dois, igual a nós.
Hoje eu sou só eu, amanhã, alguém serei mais alguém, alguém - você
Hoje eu não me envergonho, amanhã sequer me constrangerei, pois
Hoje eu sei quem sou eu, e amanhã, mais conhecimento.
Hoje me fortifico na graça, amanhã - graça pelas graças.
Hoje estou nem aguá nem lua, hoje estou mar, estou litoral, literal...
Hoje original, amanhã tradução, transcrição; ipsi litteris...


quarta-feira, 1 de maio de 2013

A romancista


Sentada à beira do batente de mármore, uma moça borda. De letra em letra, segue ela a tecer seu folhetim. Os meninos passam e fazem troça; a preta enxerida se aproxima e espicha o olho. Margaridinha abraça o manuscrito e faz careta. A cativa se ofende e amaldiçoa-a por todos os seus deuses. A donzela de pele de porcelana, contudo, desdenha e após um muxoxo ergue-se empinando ainda mais o fidalgo nariz. Depois disso, toma a direção dos fundos da propriedade em busca de um novo retiro e escolhe então refugiar-se debaixo de um ipê lotado pela primavera de cachos de flores amarelas, sua cor preferida. Aos seus pés repousa uma relva verdinha onde a moçoila se acomoda. Suas finas feições são de menina, mas de seus poros emana um “quê” de mulher.

Ocupada?! Sempre! Seus delicados dedos, constantemente manchados pelo nanquim não paravam quietos. Somente ela conhecia o conteúdo daquelas páginas: o seu mundo, só seu. Aprendeu Margaridinha com seu querido avô que cada pessoa é responsável pela lavratura de seu destino e desde então se ocupava de tal intento. Ambicionava construir o seu próprio conto de fadas e dentro dele encarcerar-se toda vez que sua dura realidade feminina assim o requeresse. O quanto já dispendera de seu tempo com vistas a concluir o ofício não se sabia, entretanto Margaridinha não tinha pressa. Em quase uma década e meia de vida já perdera a conta de quantas vezes resolvera começar do zero, por capricho ou por simplesmente entender a diferença entre o correto e o corrigido.

Antes da lição aprendida, a donzela ambicionava estudar e tornar-se um bacharel, como seu irmão mais velho, enviado à Europa para tal fim. Porém seus sonhos foram por água abaixo quando sua mãe revelou-lhe que tal regalia era de gozo exclusivo dos nascidos sob o sexo masculino e que às fêmeas nada mais restava senão empreender com maestria nos assuntos domésticos. Margaridinha ficou triste por dias a fio e só voltou a alimentar-se por imposição paterna, que se valeu ainda da séria ameaça de encerra-la em um convento.

Alguns meses depois, arrumaram-lhe um noivo. O rapaz era pouco atraente, mas filho de um nobre muito rico, o que para seus pais já eram atributos suficientes. Margaridinha odiava-o com todas as forças de seu coração, todavia disfarçava tal emoção sob os desmandos da etiqueta. Preferia amar o seu soldado, o homem de seus escritos, sua cria, sua sina. Seu nome, inexprimível aos lábios da amante, coxeava tal e qual sua alma ferida a vagar errante pelo mundo. Mal sabia ele que a romancista estava prestes a cruzar o seu caminho com o de sua heroína, aquela que estava fadada a recebe-lo em seus braços, afagar-lhe os escuros cabelos e assegurar-lhe que a noite se foi e, com ela, o choro, entretanto o vivido homem, a princípio não crerá ser alguém de tão tenra idade aquela que irá lhe prestar os devidos méritos as suas virtudes. Resistirá ele bravamente ao que lhe ordena o coração e os encantos de sua amada, ora lhe serão aprazíveis, ora repugnantes. Margaridinha deveras emocionou-se quando sua fértil imaginação a remeteu a citada sinopse, contudo a tempestade que antecederia a bonança não a impedia de invejar a protagonista. Punha-se em seu lugar toda vez que a inspiração a tomava, entretanto cada retorno à realidade era doloroso.

O ecoar de seu nome arranca a jovem de seus devaneios. Ela se põe de pé após suspirar impacientemente e se põe a caminhar a passos lentos. A mesma serviçal que a amaldiçoara veio anunciar-lhe a chegada de seu futuro marido. Margaridinha não expressa emoção alguma. Aguardava-o todas as quartas àquele horário da mesma forma que Prometeu esperava a águia que vinha diariamente lhe devorar o fígado.

Indivíduos proativos e reativos: perfil ou treinamento?


Certa feita, me encontrava eu em uma clínica aguardando o término da impressão da guia de consulta que eu deveria assinar quando adentrou o recinto um casal. Eles se dirigiram ao mesmo funcionário que me atendia e lhe mostraram um documento. A folha, que parecia estar há muito tempo guardada, tinha um pequeno rasgo em uma de suas marcas de dobra. O jovem atendente a examinou por um curto espaço de tempo ao passo que o senhor que se apresentou como sendo o marido da paciente ia lhe dizendo o porquê de estarem ali. Passado esse instante, o funcionário devolveu-lhe o papel e alegou que o atendimento não seria possível por causa do dito rasgo. O homem protestou e eu me senti tentada a sair em sua defesa já que, em minha opinião e experiência (pois recepcionista de clínica tinha sido meu primeiro emprego) não havia nada ali que não pudesse ser resolvido com um pedaço de fita adesiva. Terminado o protesto, o jovem lamentou e afirmou que nada podia ser feito e aquilo fez com que o marido da paciente voltasse a reclamar e a cada intervalo, o atendente lhe oferecia, roboticamente, a mesma resposta. Novamente tive ímpetos de intervir, porém me contive pelos motivos óbvios.

No decorrer do dia, toda vez que me lembrava do ocorrido, a parte que mais retinia em minha mente era a maneira mecânica com a qual o jovem afirmava que nada podia ser feito e provavelmente alguém me lê nesse instante deve ter mentalmente exclamado: “que sujeito reativo!” Isso mesmo! Que sujeito reativo! Se alguém aí julgar o indivíduo passível de outro adjetivo, fique a vontade para tacha-lo na seção reservada aos comentários.

Na sei se isso acontece com todo bacharelando, mas minha mente se entremeteu numa viagem pela Administração, bem como pelas ciências que a auxiliam a fim de que qualquer uma delas me respondesse ao dilema que intitula esse relato. Afinal de contas, indivíduos reativos e proativos assim o são por perfil ou treinamento? É claro que treinar alguém não anula o que ele traz de berço, contudo ninguém pode negar a eficácia de uma boa orientação mas, para deixar as coisas bem mais claras, vamos a alguns conceitos:
Indivíduos proativos são aqueles que, espontaneamente, buscam por mudanças em seu ambiente de trabalho, solucionando e antecipando problemas. Já os reativos são aqueles que pensam e atuam de acordo com padrões de causa e efeito. No episódio que citei no início do texto, um individuo proativo teria, como falei, resolvido a situação com um pedaço de fita adesiva ou pelo menos acionado seu superior imediato com o intuito de que este lhe apresentasse uma solução ou que pelo menos o orientasse para tanto. Agora vejamos: quem é proativo já “nasceu” assim ou foi treinado para tal? Cabe o mesmo questionamento no que tange aos reativos.

Acredito que, assim como a lei da Gravidade é aquela que nos mantem com os pés fincados no chão, ser reativo é a tendência de todo ser humano. Quando nascemos, só somos capazes de realizar aquilo que já, por assim dizer, nascemos “sabendo” (instinto). Por exemplo, chorar. Um bebê quando chora é porque está com fome, com frio, com dor, calor e por aí vai. Há mães que afirmam (e eu concordo) que existe um tipo de choro para cada situação, mas o fato é que o bebê já nasce ciente de que, através do choro, suas necessidades serão entendidas e atendidas. Nesse aspecto, um administrador deve ter a consciência de que, tal como ele, seus subordinados também trarão consigo algo de berço e esses, por assim dizer, dados não podem ser quantificados sendo essa análise pertencente ao campo da subjetividade e é aí que entra o valor e a atenção que se dá ao processo de recrutamento e seleção de um novo empregado. Há gestores que escolhem um novo colaborador apenas levando em consideração a complexidade das tarefas a serem realizadas e acabam contratando, por exemplo, “gente que não gosta de gente para trabalhar com gente” e o resultado disso é um péssimo atendimento com reflexo nos lucros, porém acredito que não só eu, mas uma boa gama de pessoas poderia enumerar a existência de vários estabelecimentos empresariais cujo atendimento é péssimo, contudo recebem um bom número de pessoas por dia e quanto a isso o que posso afirmar-lhes é que este tipo de lugar tem fregueses e não clientes. O freguês é aquele que frequenta e/ou compra em um determinado lugar em razão de sua localidade. Já o cliente é aquele que desenvolve com o estabelecimento uma relação de fidelidade a seu produto e/ou serviço sem levar em consideração a sua localidade ou grau de dificuldade a que está sujeito para ter acesso aos mesmos. Assim sendo, meus caros, estabelecimentos que não estão nem aí para o quesito qualidade por achar que “o queijo nunca irá se acabar” (e quem quiser melhor entender o que essa expressão significa recomendo a leitura do livro ‘Quem mexeu no meu queijo’) podem ficar cientes de que os fregueses sumirão a partir do momento que tiverem outra opção.

A reatividade, como já observado, pode ser considerada como intrínseca ao homem, mas o treinamento pode mudar isso. Treinar uma pessoa é educa-la a curto prazo com o fito de que esta adquira conhecimentos, habilidades e, o mais importante: atitudes! Meus caros, na humilde opinião desta bacharelanda, funcionário reativo é funcionário mal treinado. Ainda vigora no mundo empresarial a ideia enganosa de que treinamento é despesa, mas não, treinamento é investimento! Seu objetivo primaz é contribuir para as metas finais da organização. Administrar é gerir pessoas e processos e não há nada que melhor contribua para o sucesso de um empreendimento senão o fator humano e por que não concordar com os que defendem que os recursos humanos é o mais valioso ativo do qual uma organização pode dispor?
 
O episódio narrado no início deste artigo teria tido outro final se alguém tivesse se preocupado em melhor preparar aquele jovem para uma ocasião como esta, inclusive concedendo-lhe certa margem de autonomia. Contratar um indivíduo com perfil proativo é bom, todavia treina-lo com esse intuito é melhor ainda.  

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Salmo Matutino


Bendizei ao Senhor, vós que sois os Seus santos;
Que brote de vossos lábios o perfeito louvor;
O sacrifício, agora não mais com o sangue de bodes ou de bois,
Mas seja a vossa adoração notória na tribulação.
Louvemos ao Senhor porque Ele nos deu um Espírito mui excelente,
De conhecimento, de sabedoria e de revelação,
A fim de que seja o nosso canto sem murmúrio,
E valentes segundo o Seu coração enalteçamos o Seu Santo Nome;
Nos montes e nos vales, pois o Senhor é o Guarda, é o Sentinela de Israel,
Aquele que não dorme e não tosqueneja.
Bendizei ao Senhor Santos de toda a Terra porque Ele é bom,
 E sua misericórdia dura para sempre.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Filosofia da fé


A filosofia da fé é por ela mesma viver e não por vista. É o firme fundamento daquilo que se espera e a certeza das coisas que não se veem porque, ora, pois, esperança acerca daquilo que se vê não é esperança.

Por seu intermédio, alcança-se testemunho e por suas obras, justiça. Pela fé, de Deus o crente torna-se amigo e, por consequência, galardoado. A fé origina o temor, que por sua vez, o arrependimento e este, a novidade de vida; a fé nasce do ouvir e o ouvir, a Palavra.

A fé é uma vitória e a vitória que vence o mundo; virtude poderosa, mas não maior do que o amor, seu companheiro, parceiro de longa jornada. Suas qualidades se confundem com as do primeiro, uma vez que é de igual maneira paciente, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Seu tamanho não se mensura, é abstrata; concreta; eficaz. Se do grão de mostarda é a sua dimensão, pode lançar montes ao mar. É a lógica do Criador e loucura para o mundo, sabedoria de Deus com vistas a confundir os sábios cujo deus é o próprio ventre.

A verdadeira fé instrui em justiça, prepara para a boa obra. Sobre ela, já discorreram os doutos, alguns em reconhecimento, outros para sua própria condenação. A fé não tem lógica, haja vista ser ela a própria lógica; racional, com entendimento, onde cinco mais dois é igual a cinco mil, onde a virtude se libera por um toque. A fé chama o morto para fora e por ela a glória se revela, a tudo tornando possível.
Pela fé se sabe que tudo quanto foi feito, pelo logos se fez e houve descanso ao sétimo dia. Pela fé, enxerga-se de longe as promessas, com abraço e confissão. Pela fé, o crédulo se mantém de pé diante do invisível.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Direitos de Filho


“Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome.” (Jo. 1-12).

Amados, graças sejam dadas ao Senhor Todo-Poderoso, ao Forte de Israel, que mais uma vez falou conosco através da Sua Santa palavra.

É sabido de toda a gente que aquele que recebe o Senhor Jesus Cristo como Salvador recebe a salvação e, para esse fato, há respaldo na Palavra de Deus em Rm 10-9;10. Mas, você sabe realmente o que significa ser filho de Deus, tal como nos atesta a passagem bíblica que antecede o início deste relato? Se sua resposta for sim, louvado seja o Senhor por sua vida, caso contrário, convido-o a tomar posse de sua herança. Pois sim! Você é co-herdeiro de Cristo e isso não sou eu quem digo e sim as santas escrituras. Veja o que diz Rm 8-17: “E se, nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.” Vês?! Grandes coisas faz o Senhor por nós e por isso estamos alegres! Ele é o Pai Celestial que sabe dar bens a Seus filhos (Mt.7-11).

É muito perigoso para um cristão permanecer na ignorância e por esta razão não é vão se formos advertidos “zilhões” de vezes a fazer da leitura, estudo e meditação na Palavra de Deus uma constante. Ficar ignorante acerca de nossos direitos de filho, por exemplo, nos deixa passíveis de levarmos uma vida espiritual de forma semelhante ao irmão do filho pródigo: sempre na casa do Pai e com tudo o que é d´Ele ao seu alcance, porém, aparentemente, sem usufruir de nada (releia a parábola e deixa Deus falar contigo a respeito). Não é isso que Deus deseja para nós, lembremos que Seus pensamentos não são como os nossos (Is 55-8;9). Ele deseja o melhor para nós (Jr. 29-11). O único interessado em que permaneçamos inconscientes de quem somos e daquilo que temos em Deus e em Cristo é o diabo, pois sabe que a ignorância pode nos levar a perecer (Oséias 4-6).

Quem é filho de Deus, também é irmão de Jesus (Rm.8-29) e, desse modo, membro de Sua família também quando passa a fazer a vontade do Pai (Mt.12-49;50). Quando eu era mais jovem, odiava que a minha irmã mexesse nas minhas coisas ou usasse o que é meu (ok, confesso, eu ainda me incomodo um pouquinho!), mas Jesus, não! Ele divide o que é d’Ele conosco. Aprecie o que diz Lc 10-19 e, nessa mesma linha de raciocínio, o que atesta Mc. 16-17; 18:

“Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda força do inimigo, e nada vos fará dano algum”.

“E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão”.

Gostou?! Então agora visualize o que mais esse nosso Irmão Maravilhoso faz por nós:

Ele é nosso intercessor (Hb 7-25);
Se compadece de nossas fraquezas (Hb 4-15);
É nosso advogado (IJo.2-1);
Nos deu a vida eterna (Jo.3-16);
Nos deu a glória (Jo.17-22).

Eu poderia continuar a dar vários outros exemplos como estes, contudo tenho certeza que você meu querido leitor, os descobrirá por si mesmo com a ajuda do Santo Espírito do Senhor. Considere o presente estudo como um aperitivo. O povo de Deus é uma nação privilegiada. Temos a promessa do Pai de que nenhuma ferramenta jorjada contra nós prospera (Is 54-17), que sobre a nossa tenda não vale encantamento (Números 23-23), isso sem falar na coroa da vida (Ap.2-10). Continuemos a crescer em graça e sabedoria a fim de que alcancemos um coração entendido. Deus abençoe a todos!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Dádiva Sacrificial


Recebi o amor em bruto diamante e por uma brevidade no tempo, me alegrei em sua luz - iluminada: da luminosa, parente, mas não sua igual, e assim o que era fosco se revelou.

Entristeci. Na pouca polidez de palavras, manifestei-me; apregoei, mas em desonra. Em lágrimas à beira da Fonte, por meu bem mais precioso pranteei e ao Ourives o entreguei.

Dei-lhe as costas e em silêncio resolvi partir. Ele, em desespero, gritou-me: “Por que em ira escondes a tua face de mim”?! Respondi-lhe em afonia, minha cria, meu quinhão. Para o ganho, assim te perco.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Salmo da Asafita


Guarda-me, ó Deus, pois em Ti confio.
Livrai-me, Senhor de tropeçar, conforme a Tua Palavra,
E não permita, ó Santo, que a tua pequenina veja a corrupção;
Expulsai ó Pai com Tua mão forte e de poder os estranhos de minha possessão,
Pois eu sei, Senhor, que todo aquele que passa pelo deserto alcança a terra prometida.
E de mel se sacia, bem como se dessedenta com o leite que dela emana.
Uns confiam em carros, outros em cavalos, mas eu faço menção a Teu Nome,
Ó Todo-Poderoso de Israel! Envergonhados sejam todos os meus inimigos;
E faz-me colher com alegria o fruto da preciosa semente que agora semeio em lágrimas.
Que a minha descendência seja poderosa na Terra andando em Teus caminhos,
E que eu me alegre em Ti todos os dias de minha vida, até a consumação dos séculos.

Filosofia de amar

O pensador refletia em meio a penumbra. Julgava ele que a escuridão lhe potencializava o processo cognitivo. Barriga para cima, braços cruzados sobre o peito, olhos fixos no teto. Pensava nela. Vez por outra um prolongado suspiro lhe aliviava o enfado da alma. Curtia a dor da saudade. A solidão, deitada a seu lado, procurava chamar-lhe a atenção, mas o Pensador ali deliberava como cientista. Lera em algum lugar que amar o próximo estava condicionado ao amor a si mesmo, entretanto não era isso que se via. Milhares de enamorados atentavam contra a própria vida todos os dias ao passo que outros tentam colher figos de amendoeiras, amarrando sua curta existência à de outros entes calejados de maus costumes.

"Qualquer coisa é melhor do que isso." - sussurrou-lhe a mulher sem face agora deitada de lado a encara-lo.  Pensador ignorou-lhe a assertiva. Nada podia fazer para arranca-la dali, porém reservou-se o completo direito de ignora-la. Estava só porque recusara-se a encarar uma sina pior que a de Prometeu: violentar ele mesmo o seu eu todos os dias com vistas a manter a seu lado a perfeita figura da ingratidão. Aspirava ele àquela hora poder quantificar tão grande paradoxo - o bem de alguém em detrimento de outrem. Tal tarefa era para ele semelhante ao ato de intentar fazer um omelete sem quebrar os ovos.

Sobre o amor está escrito que este é sofredor, é benigno; não invejoso; não leviano, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, Não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta e, partindo dessa premissa, considerava- se aquele homem de meia idade um exímio amante, contudo sua "perfeição" não tinha lugar ou prestígio neste mundo. Sua companheira, tão logo se viu livre, partiu para dedicar-se (para não dizer se condenar) a alguém que nada mais faz senão afligir-lhe dor. É hipócrita qualquer afirmação em contrário. Não se busca mais quem lhe faça o bem ou quem lhe conceda amor e respeito. A moda é amar a quem lhe cospe na face, a quem lhe esmaga o coração com atitudes desqualificadoras, a quem não lhe exalta as virtudes. É hipócrita, de igual forma, a busca pela paz e pela honestidade se a desavença é aquela que se destaca no horário nobre, se a iniquidade, o adultério e a desonestidade mantém cativos milhões de espectadores ávidos em testemunhar suas peraltices e vibrar com suas conquistas. Pensador enojava-se ao passo que apiedava-se de tão enorme gama de indoutos, livres-adictos-cativos-escravos de uma sociedade moribunda, que preconiza a vilania.

"Pobre filosofia de amar essa!" - bradou ele em um misto de revolta e agonia. "Pobre filosofia mundana." - tornou a bradar, mas não com a mesma intensidade do primeiro, pois chorava. Soluços se propagavam ante a ausência de luz, a incompreendida e temida escuridão.




sexta-feira, 5 de abril de 2013

Andar até Jesus


Bendito seja o Senhor nas alturas hoje e para todo o sempre, e bendito seja nosso Senhor Jesus Cristo, Seu Filho Amado em quem Ele se compraz e em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl 2-2;3)!

Regozijo-me em Deus a cada vez que algo novo me salta à mente quando do exame das escrituras e, na manhã deste dia, aprouve ao Pai, por intermédio de Seu Santo Espírito me ensinar essa importante lição, á qual tenho o prazer de dividir com meus leitores: a Bíblia Sagrada é capaz de nos trazer diversas situações com as quais podemos ilustrar a caminhada com Jesus e aqui, neste estudo, apresento uma delas que me atrevi a denomina-la tal e qual se mostra o título deste relato: “Andar até Jesus”.

Antes de tudo, se faz necessário apresentar um conceito para a expressão: “andar até” significa locomover-se; ir ao encontro de. Agora, analisemos juntos três exemplos bíblicos que, em minha opinião, melhor ilustram a temática deste estudo:

Mt. 9-20;22: neste trecho encontramos narrado um dos mais famosos feitos de Cristo durante sua vida terrena: a cura da mulher que padecia do fluxo de sangue. Imaginem como não deveria ser a vida desta pessoa! Pelo que conhecemos das leis e costumes daquele povo e daquela época, ela, no mínimo, deveria ser considerada impura. Atrevo-me também a imaginar o quão solitária e desesperançosa era a sua existência. A parte “B” do verso vinte e um nos conta que ela pensava consigo mesma que bastava que pudesse tocar nas vestes de Cristo para alcançar a cura. O evangelista Marcos relata o episódio com maior riqueza de detalhes, inclusive fazendo menção à grande multidão que apertava o Mestre nos fazendo assim compreender melhor o porquê de a mulher considerar a possibilidade de apenas alcançar as suas vestes. Vê-se que muitas vezes esperamos que Deus nos conceda uma benção de maneira “espetaculosa”, mas veja que exemplo de fé e por que não dizer de perseverança, uma vez que essa pessoa padecia de uma enfermidade que certamente lhe impunha limitações físicas. Seu gesto de tocar as vestes do Salvador foi tão “simples”, entretanto, a graça alcançada, incomensurável.

Mt. 15-21; 28 – A mulher Cananeia: este é mais um caso em que a persistência e a perseverança são de grande valia na vida de um cristão e por que não fazermos um “link” com o que está escrito em Hebreus 11-1? “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se não veem.” Assim sendo, apresento-lhes a razão deste trecho da carta aos Hebreus ter me saltado à mente: o versículo vinte e três da passagem constante do início deste parágrafo nos conta que Cristo não lhe respondeu palavra. Em outros termos, podemos também dizer que ele a ignorou, porém como lemos em Hebreus “... o firme fundamento das coisas que se não veem.” O aparente descaso de Jesus quanto ao seu clamor não a abateu. Ela não se deixou vencer por aquilo que seus olhos viram, mas sim prosseguiu com seu intento a ponto de, aparentemente, incomodar os discípulos. A reação de Jesus à petição feita por seus liderados foi argumentar que, por assim dizer, aquela mulher pretendia gozar de um privilégio que não lhe pertencia, contudo a Cananeia não se fez de rogada e com a célebre frase: “Os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores”, atraiu para si não só a admiração de seu interlocutor mas também o milagre que tinha ido buscar. Reparem que aqui também não houve nenhum acontecimento fora do comum. A fé foi a chave da vitória.

Mc 10-46; 52: aqui o personagem central é Bartimeu, o cego de Jericó. O texto relata que se encontrava ele mendigando junto ao caminho ao perceber que era Jesus quem passava e então passou a bradar em busca de Seu favor e não se calou mesmo diante da pressão dos muitos que o repreendiam (v.48). Ainda bem que ele não ouviu a voz da multidão, senão teria perdido o que talvez fosse sua única chance de mudar sua sorte. Ouvir a multidão, aliás, é algo que geralmente não termina bem, biblicamente falando. Vejam o caso de Arão em Êxodo 32. Parafraseando o Robin, companheiro do Homem-Morcego, “santo coração duro, Batman!”, pois vai ser incrédulo assim lá longe! Toda vez que leio essa passagem fico indignada. Como é que um povo testemunha tão grandes sinais da existência do Senhor, bem como de Seu grande poder e depois tem a coragem de requerer que um deus seja fabricado! E Arão?! Será que ele não parou para arrazoar nem um pouquinho acerca do que lhe pediam?! Moisés era seu irmão e ainda por cima foi ele também um instrumento de Deus ante a faraó. Outro episódio que muito bem ilustra o perigo de se ouvir a multidão está em At. 12-21; 23. Herodes envaideceu-se porque o povo comparava a sua voz com a voz de Deus e terminou sendo fulminado (isso sem contar a parte dos bichos!). Tem muitos crentes que deixam de seguir as orientações do Pai para dar ouvidos á multidão. Quando Deus nos orienta, sabe muito bem o que faz por mais esdrúxula que Sua ordem pareça.

Por fim, andemos até Cristo e, melhor, andemos com Cristo sem esquecer da nossa tarefa de levar outros a fazerem o mesmo até que nossa carreira se complete.


quarta-feira, 27 de março de 2013

Legado PPP (Pra que Porcaria Presta)

Veja a lista das ricas lições que a última edição do PPP Brasil deixou para a Nação Brasileira:

1- ???;
2- ???;
3- ???;
4- ???;
5- ???;
6- ???;
7- ???;
8- ???;
9- ???;
10-???.

terça-feira, 5 de março de 2013

Palavras...

Desperdício: é misturar teus traços a meus versos;
Sobejos melancólicos de uma pobre poetisa inibida,
Estarrecida e entusiasmada; fadada ao desprezo

Ao suspiro, à saudade segue sôfrega a mulher, a menina
Desventura/sina, que a perpassa, corrói e destrói em dor
que "dói de doída", sem culpa ou dolo.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Teus Olhos

Teus olhos - misteriosos, assombrosos;
São seus...
Olhos iguais aos meus; teus olhos.
Olhos que viram, olhos que não sei o que viu,
Mas são seus...

Vi o teus olhos nos meus e assim eu me vi
Vi a ti e a mim, vi os nossos, vi os meus;
Vi os teus, nos teus olhos, esses olhos
Que são tão teus...

Meus olhos são teus; de quem são teus olhos?
Olhos iguais aos espelhos, bisbilhoteiros,
Furtivos, festivos olhos, abrolhos colhidos
Tecidos mexidos com teus olhos
Esses olhos... Tão seus...

olhos meigos, meigos olhos são os meus
A olhar os teus incertos olhos; indefinidos
Imprecisos, mas são teus olhos no meu olhar;
Tão seus e tão meus; nossos olhos;
Exímios olhos tão seus...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

31 de Janeiro

Imagem por Google



Fim do mês. Fim do primeiro mês do ano novo. Sou do tempo em que um ano durava doze meses e agora tudo que temos é um semestre. Ô vida corrida! Ô tempo abreviado, por amor aos escolhidos! Façamos ontem o que era para ser feito hoje, pois esse hoje já é o dia seguinte. Entendeu?! Nem eu, mas a Filosofia do tempo agora é essa; é o cronos apressado pedindo passagem para não chegar atrasado. Seu relógio é de bolso como o do coelho da Alice. 

Ouvi falar de um poeta que contou seus anos descobriu que teria menos tempo para viver do que já teve até agora  e se sentiu como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas: as primeiras ele degustou displicentemente, mas ao perceber que faltavam tão poucas, roeu o caroço...

O tempo  é aquele sujeito que troca de roupa a cada segundo. Quando decide não volta atrás e quem o perde não o recupera. Tão tangível é quanto o vento e inútil é cerrar o punho a fim de conte-lo. Tempo é tempo e nem adianta tirar a pilha do relógio ou atira-lo pela janela.





Deus Atende Desejos ou Necessidades?