(Trabalho acadêmico conceituado com a nota máxima pela Profª Jacqueline Andrade, revisora da Revista de Administração da Universidade Federal da Bahia - UFBA e UNEB - Universidade do Estado da Bahia)
Qualquer administrador que almeja ser
considerado apto a gerenciar as empresas contemporâneas deve, antes de mais
nada, compreender que seu perfil profissional precisa englobar um somatório de
características. Novas configurações de mercado demandam novos preceitos de
administração estratégica. Neste sentido, a comunicação se traduz como uma
ferramenta poderosíssima, contudo não há vislumbre de sucesso para o
profissional de administração que se encontrar em deficiência neste campo, pois
segundo Penteado (1990) pode ser atribuída com razoável margem de segurança à
maior ou menor capacidade de comunicação entre os povos, o nível de progresso das
sociedades humanas e, ainda, Gilbert Highet (apud PENTEADO 1990) afirma que não
há uma só atividade humana que não possa ser afetada ou promovida por
intermédio da Comunicação.
Um retrocesso às origens da ciência
administrativa nos dá uma visão geral da evolução de suas teorias a partir das
transformações vividas por aqueles que ocupam o topo da pirâmide corporativa.
Taylor e seu conceito do Homo Economicus ergueu à época, o que hoje conhecemos
como uma das barreiras na Comunicação. O traço mais marcante da Escola Clássica
da Administração era a visão do homem como máquina e liderar se resumia aos
esforços de comandar e supervisionar. Posteriormente, a Escola das Relações
Humanas trouxe consigo a assertiva de que o homem é um ser social e essa
consciência adicionou outras palavras ao “vocabulário administrativo” fazendo com
que a motivação fosse vista além do estímulo monetário. As teorias mais
modernas apontam que é imprescindível ao sucesso empresarial o comando de um
líder excepcional, mas o que toda literatura disponível sobre este tema aborda,
por assim dizer, senão uma melhora nas habilidades comunicativas deste
indivíduo?
Um estudo realizado pelo IBGE
(Instituto Brasileira de Geografia e Estatística) aponta que quase a metade das
empresas brasileiras fecha as portas após seu terceiro ano de atividade e que a
principal razão do fracasso desses empreendimentos continua sendo a falta de
preparo de seus gestores. Desde a segunda Revolução Industrial o mercado tem
anunciado que não há mais espaço para trabalhadores superespecializados, bem
como o reconhecimento (infelizmente tardio em nosso país) da Administração como
profissão veio ratificar que profissionais de outras áreas não estão aptos a
seu exercício.
Em certa ocasião, um professor
universitário disse a seus alunos do curso de Administração de Empresas, logo
em seu primeiro dia de aula que, se alguém dentre os presentes não gostasse de
ler, havia escolhido a profissão errada. O motivo que levou o ilustre educador
a lançar sobre seus pupilos tais palavras é óbvio: conhecimento é poder e como
adquiri-lo sem a prática da leitura? É certo que existem fontes alternativas de
informação cujo desfrute não se dá, necessariamente, pelo ato de ler,
entretanto são incontestáveis as benesses que acompanham a todo aquele que o
pratica: quem lê fica mais informado, melhora seu vocabulário, entende as
coisas com mais facilidade, dentre outros.
Como afirmado no parágrafo anterior,
conhecimento é poder e, neste sentido, escreveu Torquato Gaudêncio:
Se alguns poderes
legitimam a empresa, a comunicação exerce igualmente um certo e grande poder. A
propósito lembramos o pensamento de Karl Deustsch, que mostra o poder como a
possibilidade de uma pessoa ou entidade gerar influência sobre outrem. A
comunicação que, enquanto processo, transfere simbolicamente ideias entre
interlocutores, é capaz de, pelo simples fato de existir, gerar influências. E
mais: exerce, em sua plenitude, um poder que preferimos designar de poder
expressivo, legitimando outros poderes existentes na organização, como o poder
remunerativo, o poder normativo e o poder coercitivo [...]. A comunicação como
processo e técnica, fundamenta-se nos conteúdos de diversas disciplinas do
conhecimento humano, intermedia o discurso organizacional, ajusta interesses,
controla os participantes interno e externo, promove, enfim, maior aceitabilidade
de ideologia empresarial. Como poder expressivo, exerce uma função-meio perante
outras funções-fim da organização. Nesse sentido, chega a contribuir para a
maior produtividade, corroborando e reforçando a economia organizacional.
O poder expressivo
das empresas viabiliza o processo burocrático, adicionando elementos
expressivos emotivos e inferências ás rígidas posturas hierárquicas, e tornando
o ato de administrar não apenas uma relação mecânica entre posições do
organograma, mas uma relação social positiva dentro da visão de que o trabalho
é um bem dignificante e de que a Economia e a Administração não são ciências
exatas mas, sobremodo, ciências humanas [...].
Diante do exposto, conclui-se que as
palavras de Gilbert Highet citadas no primeiro parágrafo somadas às afirmações
tão bem embasadas por Torquato Gaudêncio na citação acima ratifica o quão
poderosa a Comunicação é e que esta se encontra presente em níveis muito mais
significantes do que se imagina, tanto na teoria administrativa quanto na
figura/perfil do administrador que, quanto mais comunicativo for, mais poderoso
e mais bem sucedido será em suas empreitadas. Dito isso, vale a pena reproduzir
aqui um princípio considerado chave por Torquato no que tange ao amálgama da
Comunicação: “Os bons administradores são aqueles que conseguem produzir
significações, tanto quanto dinheiro”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RÊGO, Francisco Gaudêncio Torquato do.
Comunicação Empresarial/Comunicação Institucional: conceitos, estratégias,
sistemas, estrutura, planejamento e técnicas, Summus, 1986.
PENTEADO,
J. R. Whitaker. A Técnica
da Comunicação Humana,Thomson Pioneira,14ª Edição, 1990.