segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O poder da Comunicação: um olhar sobre o profissional de Administração


(Trabalho acadêmico conceituado com a nota máxima pela Profª Jacqueline Andrade, revisora da Revista de Administração da Universidade Federal da Bahia - UFBA e UNEB - Universidade do Estado da Bahia)


Qualquer administrador que almeja ser considerado apto a gerenciar as empresas contemporâneas deve, antes de mais nada, compreender que seu perfil profissional precisa englobar um somatório de características. Novas configurações de mercado demandam novos preceitos de administração estratégica. Neste sentido, a comunicação se traduz como uma ferramenta poderosíssima, contudo não há vislumbre de sucesso para o profissional de administração que se encontrar em deficiência neste campo, pois segundo Penteado (1990) pode ser atribuída com razoável margem de segurança à maior ou menor capacidade de comunicação entre os povos, o nível de progresso das sociedades humanas e, ainda, Gilbert Highet (apud PENTEADO 1990) afirma que não há uma só atividade humana que não possa ser afetada ou promovida por intermédio da Comunicação.

Um retrocesso às origens da ciência administrativa nos dá uma visão geral da evolução de suas teorias a partir das transformações vividas por aqueles que ocupam o topo da pirâmide corporativa. Taylor e seu conceito do Homo Economicus ergueu à época, o que hoje conhecemos como uma das barreiras na Comunicação. O traço mais marcante da Escola Clássica da Administração era a visão do homem como máquina e liderar se resumia aos esforços de comandar e supervisionar. Posteriormente, a Escola das Relações Humanas trouxe consigo a assertiva de que o homem é um ser social e essa consciência adicionou outras palavras ao “vocabulário administrativo” fazendo com que a motivação fosse vista além do estímulo monetário. As teorias mais modernas apontam que é imprescindível ao sucesso empresarial o comando de um líder excepcional, mas o que toda literatura disponível sobre este tema aborda, por assim dizer, senão uma melhora nas habilidades comunicativas deste indivíduo?

Um estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística) aponta que quase a metade das empresas brasileiras fecha as portas após seu terceiro ano de atividade e que a principal razão do fracasso desses empreendimentos continua sendo a falta de preparo de seus gestores. Desde a segunda Revolução Industrial o mercado tem anunciado que não há mais espaço para trabalhadores superespecializados, bem como o reconhecimento (infelizmente tardio em nosso país) da Administração como profissão veio ratificar que profissionais de outras áreas não estão aptos a seu exercício.

Em certa ocasião, um professor universitário disse a seus alunos do curso de Administração de Empresas, logo em seu primeiro dia de aula que, se alguém dentre os presentes não gostasse de ler, havia escolhido a profissão errada. O motivo que levou o ilustre educador a lançar sobre seus pupilos tais palavras é óbvio: conhecimento é poder e como adquiri-lo sem a prática da leitura? É certo que existem fontes alternativas de informação cujo desfrute não se dá, necessariamente, pelo ato de ler, entretanto são incontestáveis as benesses que acompanham a todo aquele que o pratica: quem lê fica mais informado, melhora seu vocabulário, entende as coisas com mais facilidade, dentre outros.

Como afirmado no parágrafo anterior, conhecimento é poder e, neste sentido, escreveu Torquato Gaudêncio:

Se alguns poderes legitimam a empresa, a comunicação exerce igualmente um certo e grande poder. A propósito lembramos o pensamento de Karl Deustsch, que mostra o poder como a possibilidade de uma pessoa ou entidade gerar influência sobre outrem. A comunicação que, enquanto processo, transfere simbolicamente ideias entre interlocutores, é capaz de, pelo simples fato de existir, gerar influências. E mais: exerce, em sua plenitude, um poder que preferimos designar de poder expressivo, legitimando outros poderes existentes na organização, como o poder remunerativo, o poder normativo e o poder coercitivo [...]. A comunicação como processo e técnica, fundamenta-se nos conteúdos de diversas disciplinas do conhecimento humano, intermedia o discurso organizacional, ajusta interesses, controla os participantes interno e externo, promove, enfim, maior aceitabilidade de ideologia empresarial. Como poder expressivo, exerce uma função-meio perante outras funções-fim da organização. Nesse sentido, chega a contribuir para a maior produtividade, corroborando e reforçando a economia organizacional.

O poder expressivo das empresas viabiliza o processo burocrático, adicionando elementos expressivos emotivos e inferências ás rígidas posturas hierárquicas, e tornando o ato de administrar não apenas uma relação mecânica entre posições do organograma, mas uma relação social positiva dentro da visão de que o trabalho é um bem dignificante e de que a Economia e a Administração não são ciências exatas mas, sobremodo, ciências humanas [...].



Diante do exposto, conclui-se que as palavras de Gilbert Highet citadas no primeiro parágrafo somadas às afirmações tão bem embasadas por Torquato Gaudêncio na citação acima ratifica o quão poderosa a Comunicação é e que esta se encontra presente em níveis muito mais significantes do que se imagina, tanto na teoria administrativa quanto na figura/perfil do administrador que, quanto mais comunicativo for, mais poderoso e mais bem sucedido será em suas empreitadas. Dito isso, vale a pena reproduzir aqui um princípio considerado chave por Torquato no que tange ao amálgama da Comunicação: “Os bons administradores são aqueles que conseguem produzir significações, tanto quanto dinheiro”.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


RÊGO, Francisco Gaudêncio Torquato do. Comunicação Empresarial/Comunicação Institucional: conceitos, estratégias, sistemas, estrutura, planejamento e técnicas, Summus, 1986.

PENTEADO, J. R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana,Thomson Pioneira,14ª Edição, 1990.


Casa Vazia

A casa está vazia porque o amor não mora mais nela. Ele levou os móveis, mas deixou as cortinas. Elas balançam ao sabor do vento denunciando quão grande é aquele lugar, quão estreita é a habitação de um coração partido, que não sabe agora o que fazer com o tempo.

Pobre casa repudiada que um dia já foi tão amada. Seu destino agora é vagar. Que lhe importa o sol escaldante ou a chuva fina, que deixa a grama mais verde; que lhe importa o ocaso, o breve instante em que o céu se torna rubro para depois revelar o fundo escuro que se adorna de estrelas, astros estes que, na solidão, perdem a luz. Olhos daltônicos incapazes de ver as cores; lábios insípidos, fenda tão profunda em uma alma em trevas.

Lembranças dos dias felizes lhe cortam a carne, intensos açoites de algo que um dia foi e agora simplesmente não mais é: partiu, se perdeu, esvaiu-se como fumaça. A fidelidade é trapaceira, maléfica senhora, nômade, inconstante, mentirosa e manipuladora no coração que sangra com valores distorcidos, que expõe o que lhe abunda, tal como escrito está no livro do Rei, que comporta milhares de folhas e oxalá ajuntarmos  nós tão excelente tesouro para que vivamos.

Vida - formosa expressão; Biologia, Divino fôlego; conceitos. A casa vazia não sabe o que quer, pois morta deambula. Seu choro lhe retém as palavras cala seu grito na garganta, mas não lhe priva dos sentidos e tampouco dos ruídos; seus membros são pesadas correntes; seus instantes de paz, fugazes. Em torpor, seu eu se biparte. Futuro não há.


Deus Atende Desejos ou Necessidades?