sábado, 25 de maio de 2013

O Taylorismo morreu?



Para quem não está familiarizado com o termo, Taylorismo é a nomenclatura pela qual se denomina o modelo administrativo idealizado por Frederick Taylor. Sua característica principal é a ênfase nas tarefas. Em 1911, Taylor publicou o livro “Princípios da Administração Científica”, que tinha como ideia principal a racionalização do trabalho. Além disso, Frederick criticou veementemente a administração por incentivo e iniciativa, que é o que ocorre quando um trabalhador sugere ao patrão ideias que possam dar lucro e assim provocando seu superior de modo a ser recompensado por isso. Taylor defendia a tese de que, uma vez recompensado por suas ideias ou atos, o subordinado torna-se dependente deles.

Particularmente, aprecio os argumentos de Taylor no que tange à eficiência do trabalho, que envolve fazer as tarefas de modo mais inteligente e com a máxima economia de esforço, porém ainda em minha opinião, a Administração Científica só não alcançou a plenitude por causa de sua visão mecanicista ao extremo, expressão esta, quem sabe exagerada por parte desta que vos escreve, contudo as críticas apresentadas a este modelo de administração, das quais posso citar, como exemplo, a visão do homem como máquina e a ignorância quanto às necessidades do trabalhador em um contexto social, acredito eu, falam por si só. Taylor acreditava que para se chegar à eficiência era preciso selecionar corretamente o operário, e adestra-lo. Agora aqui vai uma perguntinha: ainda há trabalhadores sendo “adestrados”? Imagino alguém aí do outro soltando uma sonora gargalhada ao passo que emite um sinal positivo com a cabeça e assim creio que já temos condições de oferecer resposta ao questionamento que intitula este relato: não, o Taylorismo não morreu.

Profissionais e estudantes da área talvez se dirigissem a mim neste instante com a afirmação de que não há nada novo em meu questionamento e que muito menos uma questão desta natureza carecia de vir à tona. O método Taylorista (Taylorista/Fordista para ser mais precisa) de produção ainda é adotado nos dias de hoje, em maior escala nas atividades industriais, entretanto o modus operandi dos restaurantes de fast food também tiveram suas origens no Taylorismo. O que não me agrada na sobrevida deste modelo administrativo é a parte “homo economicus” da coisa. Ainda tem muito gestor por aí ignorando as necessidades não monetárias de seus liderados e os considerando como máquinas. Não estou fazendo nenhum tipo de apologia a qualquer forma romântica de administrar ou muito menos vendendo a ideia de que líderes devem ser piegas até porque considero a pieguice pouco inteligente (isso sem falar em seu uso como instrumento de manipulação e alienação). Só acho o cúmulo que em pleno século XXI ainda haja gestores com um pensamento tão provinciano, o que nos remete a outro questionamento: o porquê de eles serem assim. A princípio, podemos conjecturar que é por ignorância, mal que vem nos prejudicando há séculos. Paulo Freire com certeza diria que a saída é a educação - dever do Estado, todavia este não pode se utilizar de seu poder de império com vistas a condicionar um mínimo de preparo acadêmico ao que aspira empreender. O conhecimento é multifacetário e, assim sendo, da mesma maneira de que a imaginação conjugada à intuição pode levar um indivíduo a uma empreitada de sucesso, me custa também a acreditar que esta última não faça “soar o alarme” a fim de chamar a atenção destes despreparados. A saúde de uma organização não se mede tão somente por suas demonstrações financeiras. Alta rotatividade de funcionários e absenteísmo idem são tão preocupantes quanto um saldo financeiro negativo.

Vez por outra os noticiários nos apresentam a rotina dos fiscais do trabalho por esse Brasil afora desbaratando fazendas e outros empreendimentos onde se empregava mão de obra escrava e quão bom seria se houvessem iniciativas, públicas ou não, com o fito de erradicar esse paradigma mecanicista. O mundo moderno agora possui uma visão holística e já foi constatado de que só conseguirá sobreviver à pós modernidade aquele que dominar o conhecimento e a comunicação (em especial a de nível básico), bem como a resiliência e a proatividade. No que tange à comunicação,quando esta ocorre de maneira inadequada, pode desestabilizar todo um ambiente, causando sérios prejuízos à organização.

Em outubro do ano passado, um artigo muito interessante baseado no filme “Tempos Modernos” de Chaplin foi publicado no site administradores.com, onde nos são apresentados protótipos contemporâneos da maximização da produtividade do trabalhador, em moldes considerados mais sutis pelo autor, como por exemplo, o uso do celular corporativo e da internet, que permite ao funcionário despachar, resolver problemas ou até mesmo preparar relatórios enquanto está em casa ou no clube. Neste mesmo site, há poucos dias, uma outra obra, tão inteligente quanto esta foi postada para nosso deleite. Nela, seu criador, o colunista Wagner Siqueira questiona o porquê de os clássicos da administração não serem mais estudados. Devo confessar que ficar ciente de tal absurdo me causou um espanto enorme e honestamente acho que privar os estudantes de Administração destes conhecimentos produz os mesmos efeitos de se formar profissionais de saúde ignorantes quanto à anatomia e fisiologia humana.

Diante do exposto, fica mais do que óbvia a veracidade da máxima de que na natureza nada se perde, tudo se transforma e não vejo porque não remete-la ao mundo corporativo.

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